Ah, que saudade de viajar…
Estamos passando por um momento único. Provavelmente uma experiência que muitos jamais imaginamos viver. Dias de solidão, distanciamento de pessoas que amamos e de atividades que a cada dia nos faz perceber o quanto elas são importantes e nos fazem falta.
Hoje gostaria de compartilhar um texto escrito por nossa amiga Marcella Oliveira e publicado no portal GPS Lifetime, que retrata muito bem o que estamos sentindo: uma saudade imensa de viajar! Seguimos em casa, cuidando de nós, de quem amamos e de quem nem conhecemos, mas certos de que tudo vai passar.
Tenho saudade de andar por um aeroporto. Gosto daquele entusiasmo de estar pronta para me transportar para algum lugar, nem que seja um destino que sempre vou ou um novo lugar para explorar. Tenho saudade daquela ansiedade em conferir o portão do meu voo e ficar lá por perto quando o embarque começar.
Tenho saudade de procurar meu assento, afivelar os cintos, colocar o fone de ouvido e esperar o piloto falar: “tripulação, decolagem autorizada”.
Tenho saudade de sentir o avião subir, entrar no meio das nuvens e observar lá de cima a cidade ficando pequenininha.
Tenho saudade de passar por ele quando volto pra casa depois de dias longe.
Tenho saudade de sair do portão de desembarque e ver dezenas de pessoas esperando por alguém.
Tenho saudade do costume de andar bem devagar, muitas vezes parar, e observar a ansiedade de quem espera enquanto aquele que chega abre o sorriso quando a porta automática se abre.
Tenho saudade de ver abraços apertados, reencontros de casais apaixonados, famílias esperando um ente querido que passou uma temporada longe.
Tenho saudade do aeroporto que faz parte da história de uma viagem, de uma aventura, de um momento especial da vida. Neste momento turbulento que enfrentamos, recentemente uma amiga fez uma pergunta no Instagram: “qual a primeira coisa que você vai fazer quando a quarentena acabar?”. Eu não tive dúvidas em responder: “vou comprar uma passagem para viajar.”
Tenho saudade de viajar. De ver o Aeroporto de Brasília cheio de gente indo, de gente vindo. De chegadas e partidas. De beijos e abraços.
Tenho saudade de ouvir, orgulhosa, que minha cidade tem o terceiro maior aeroporto em movimentação do País.
Tenho saudade de lembrar de quando a gente ia para lá ainda criança observar os aviões decolando. Ou tomar “café da manhã no aeroporto” depois de alguma festa.
Tenho saudade de ouvir o barulho do avião e pensar nas histórias que os 380 voos diários sempre contaram. E que agora são apenas 21 por dia.
Tenho saudade do nosso BSB, um aeroporto sempre tão cheio de vida, que anda triste. Parece um veículo que perdeu seu combustível. No lugar de aeronaves pelo ar, um vírus que fez a gente se recolher. As viagens programadas foram desmarcadas. As férias ficaram com um futuro incerto.
Tenho saudade daquele destino que era o próximo da lista e que nunca esteve tão distante.
Tenho saudade de fazer as malas e voar.
Tenho saudade até de respirar fundo e esperar a turbulência passar.
Vivemos uma turbulência agora. Que, logo logo, vai passar. E, então, vamos poder matar a saudade de viajar.
Marcella Oliveira.